quarta-feira, 6 de novembro de 2013

FRANÇA é suspeita de ESPIONAGEM no CLA afirma Folha de São Paulo

Domingo, 1 de fevereiro de 2009

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A edição de hoje (1) do jornal Folha de S. Paulo traz uma reportagem ("Bóias" suspeitas cercam base de foguete") do jornalista Leonardo Souza sobre relatório elaborado pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) acerca de bóias com transmissores encontradas em praias próximas ao Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão. De acordo com a reportagem, a ABIN está trabalhando "numa perícia mais aprofundada" dos equipamentos encontrados.

Bóias com transmissores VHF e/ou UHF próximas ao CLA já foram apreendidas em três ocasiões, sendo a última em outubro do ano passado. O relatório da ABIN, citado na matéria da Folha, indica que as bóias foram produzidas na Espanha e Japão. Destaca ainda o relatório: "A agência tem monitorado o aparecimento de bóias em intervalos de dois em dois anos, nas praias do CLA. Elas são acionadas por controle remoto via satélite e têm capacidade de enviar, transmitir e medir freqüência, além de possuírem espaço suficiente para abrigarem corpos estranhos; estão equipadas com bateria de longa duração e painel solar".

A íntegra da reportagem da Folha está disponível no clipping de hoje do Comando da Aeronáutica (NOTIMP), que pode ser acessado clicando-se aqui. O monitoramento de lançamentos de foguetes por outros países é freqüente, e ocorre não apenas no Brasil. Vale destacar que o simples monitoramento não significa espionagem ou sabotagem. Na edição 97 de Tecnologia & Defesa, de 2003, foi publicada uma reportagem de minha autoria ("A Tragédia de Alcântara") sobre o acidente com o VLS-1 V03. Eu apontei no texto várias medidas tomadas pelo Comando da Aeronáutica com o objetivo de monitorar e evitar possíveis interferências na operação de lançamento. Vejam abaixo:

Medidas de segurança

A hipótese de sabotagem foi logo considerada pelo Comando da Aeronáutica, embora tenha sido praticamente descartada algumas semanas mais tarde, pois de acordo com a AEB, não haveria possibilidade de alguém de fora da base acionar a corrente elétrica que ignitou o motor. Segundo especialistas da Aeronáutica, para uma pessoa externa influir numa operação tão complexa quanto à de um lançamento espacial, seria preciso conhecer todo o sistema envolvido, as combinações de sigilo para então tentar interferir no processo criando um campo magnético e uma corrente que possa efetivamente iniciar um dispositivo inteiro.

Assim a possibilidade de um ‘hacker’ entrar no sistema é improvável de acontecer, segundo dizem os especialistas, porque o sistema brasileiro de lançamento é operacionalmente independente de qualquer contato com redes de informática, principalmente pela Internet. O sistema de segurança foi desenvolvido por duas empresas brasileiras - a COMPSIS e a Fundação ATECH, não tem ligação com a Internet e não possibilita o acesso via computador. Além disso, a linha de fogo do sistema é aterrada à casamata, na torre de umbilicais. Mesmo que houvesse um acionamento de software dedicado a essa atividade, a operação estaria segura por não estar ligada a computadores e pela proteção física do aterramento na seqüência de emissão de ordens.

Durante os preparativos para a operação São Luís, diversas medidas para assegurar sua realização bem-sucedida foram tomadas. Na área de proteção eletrônica, para dar segurança aos sistemas de operação, controle guiagem do VLS-1, foram utilizadas duas aeronaves R-99, da Força Aérea Brasileira, com a missão de controlar o espectro eletromagnético, em especial nas faixas de freqüência dos radares usados pelo Centro de Lançamentos de Alcântara (CLA) para o rastreamento do veículo, assim como das faixas de freqüências utilizadas pelo sistema de telemetria e telecomando. Duas equipes do Centro Integrado de Guerra Eletrônica (CIGE), do Exército Brasileiro, munidas de pessoal e equipamento especializado para a vigilância de emissões eletrônicas também foram utilizadas. Nas dependências do CLA, uma terceira equipe, composta por engenheiros do CTA, realizou atividades semelhantes a do CIGE. De julho a agosto, período em que as operações foram realizadas, nenhum sinal desconhecido ou hostil foi detectado, seja pelas equipes ou pelas aeronaves.

Para garantir a segurança de embarcações, além de possíveis interferências no decorrer da operação, foram adotadas medidas para restringir o acesso de barcos e navios à zona crítica de lançamento, na Baía de São Marcos, área que separa a cidade de São Luís do Centro de Lançamento de Alcântara, com a utilização de lanchas e navios-patrulha do 4º Distrito Naval, da Marinha Brasileira, e aeronaves P-95 da FAB. No âmbito terrestre, com a finalidade de impedir o acesso de pessoas não autorizadas às áreas críticas de lançamento, foram utilizadas aeronaves e helicópteros da FAB, com a participação do 24º Batalhão de Caçadores do Exército Brasileiro, sediado em São Luís, MA, auxiliando nas patrulhas e controle das estradas e áreas adjacentes ao Centro. Aeronaves T-27 Tucano, destinadas para defesa área, ficaram de prontidão no aeroporto de São Luís, garantindo dessa forma o controle do espaço aéreo durante o período compreendido da janela de lançamento."

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Suspeita de sabotagem fez Brasil investigar FRANCESES em Alcântara revela ABIN em 2013.

05/11/2013 - 03h42 - FONTE FOLHA DE SAO PAULO

Com a suspeita de que era espionado pela França, o Brasil investigou se agentes do serviço secreto francês promoveram ação de sabotagem para explodir a base de lançamento de satélites de Alcântara, no Maranhão. Em 2003, um acidente no local matou 21 pessoas, entre engenheiros e técnicos do CTA (atual Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial), órgão da Aeronáutica.


A Folha obteve documento secreto da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) querevela pelo menos três operações de contraespionagem cujos alvos eram espiões franceses e seus contatos brasileiros e estrangeiros. Houve também monitoramento do serviço de inteligência em órgãos de cooperação e cultura ligados à Embaixada da França. O objetivo era proteger o setor espacial brasileiro da espionagem internacional. A Folha revelou ontem que o governo brasileiro espionou diplomatas de países como Rússia, Irã e EUA. A Presidência afirmou que eram ações de contraespionagem.

O documento obtido pela reportagem evidencia que o Brasil monitorava o que os agentes da Abin descrevem como "rede de espionagem" da DGSE (sigla de Direção-Geral de Segurança Externa, a agência de inteligência da França), ativa no Maranhão e em São Paulo. Um ex-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) confirmou à Folha que o governo sabia da espionagem internacional em Alcântara. Após o acidente, a investigação sobre a eventual sabotagem francesa prosseguiu, conforme disse um ex-dirigente da Abin que pediu para não ser identificado. Apesar das evidências de espionagem francesa, o governo não encontrou provas de sabotagem. Oficialmente, a explosão foi provocada por uma pane elétrica que causou ignição antecipada de um dos propulsores do foguete.

A localização da base brasileira no Maranhão é considerada uma das melhores do mundo para o lançamento de foguetes com satélites comerciais, pela proximidade ao Equador. A estimativa é que os lançamentos de Alcântara economizem até 30% em combustível. Se desse certo, a base de Alcântara (que está sendo reconstruída) se transformaria na única concorrente do Centro Espacial de Kourou, localizado na Guiana Francesa, território que faz fronteira com o Brasil e que pertence ao país europeu.

Conforme documento obtido pela reportagem, ao menos desde 2002 a Abin vigiava a movimentação de espiões franceses em Alcântara. Sob condição de anonimato, um oficial de inteligência que acompanhou o caso disse que um dos alvos era um agente francês do DGSE que se apresentava como Olivier. Ele atuava na região disfarçado de professor de kitesurf, e recrutava informantes na base brasileira. A Abin fotografou o francês e seus contatos.

Os agentes também descrevem no relatório ações para monitorar a rede de espionagem em órgãos como Cendotec (Centro Franco-Brasileiro de Cooperação Técnica e Científica), ligado ao consulado francês em São Paulo, e Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Até 2003, ao menos oito relatórios de inteligência foram produzidos sobre o caso. Procurada, a embaixada da França não se manifestou.

Fonte: FOLHA DE SAO PAULO